O lugar onde
nasci.
Não sei explicar o porquê de repente me deu
vontade de escrever sobre o bairro de Itapagipe / Ribeira. “Meu bairro” Maneira
de falar.
Até parece
que sou sua dona por conta dos anos vividos por aqui. Desde 1951 que faço parte
desse lugar
Dizem que é
abençoado por deus, por possuir um charme todo especial, no tocante a beleza
particular de forma toda sua como uma obra literária, e quando não existe
beleza, não tem como existir obra de arte, que ao contrário por aqui é o que
tem e sobra, sendo considerada principal atração graças a mãe natureza.
Seus antigos
moradores, inclusive eu, contam que a tranquilidade e um ar de cidade
interiorana ainda predominam na localidade, mas, observa-se também que não é
mais um dos poucos lugares que se pode estar á porta de casa ou mesmo no
cais, para contar estórias e olhar o encantamento do luar.
Atualmente
cheia de problemas socioeconômicos continua firmemente na sua caminhada,
distribuindo gratuitamente paisagens
proporcionadas pelo mar tranquilo que rodeia toda a sua extensão.
Nesse intervalo de tempo naturalmente que
houve mudanças consideráveis no seu espaço físico, com o aterramento de áreas
nobres contribuindo para a degradação do meio ambiente.
Era assim...
Quando a
maré baixava o volume de suas águas, o vento se encarregava de espalhar o
cheiro forte de maresia anunciando que era dia de pescaria. Olha que
aqui dava de tudo: Siri de casca mole, dura, branco, papafumo, Pequari, peixes
de variadas espécies e tamanhos: Agulha, linguado, tainha, vermelho.. .Hoje...
Quase nada.
Lembro-me
que o meu companheiro pegando a tarrafa dizia: vou buscar ali o almoço dos
meninos. e com
certeza trazia na sacola o bastante para comer, até parar dar e vender se assim
quisesse. Hoje... Trará ou não.
Mas, ela
segue em frente...
Mostrando-se
forte e bela, esperando que os poderes públicos se conscientizem de sua real
importância, e lhe dê o seu respectivo
valor como um dos pontos turísticos mais bonitos da cidade. Viva a
natureza!!!
No quesito segurança, já não é tão confiável
assim. O medo do
inesperado se faz presente tornando os seus moradores mais caseiros.
A sonoridade
não é mais a mesma. Antes o silêncio era quebrado pelas serestas, nas
madrugadas serenas e tranquilas.
Seresteiros
empunhando os seus violões, e com seus acordes percorriam as ruas desertas
encantando os corações apaixonados.
Hoje os sons
estridentes (poluição sonora) Nos espaços destinados a eventos populares,o crescimento da vida social noturna, os carros
com os seus sons de grande potência, com seus respectivos condutores
descumpridores das leis do silêncio, interferem na tranquilidade do bairro,
fazendo com que a saudade nos faça lembrar outrora.
A península itapagipana é composta de nove bairros: Roma, Bonfim, Boa viagem, Monte serrat,
Uruguai, Jardim cruzeiro, Massaranduba, Ribeira.
Observa-se
que dentro de determinados bairros existem locais extensivos chamados também de
bairros como: Bairro
machado, Bairro da mangueira que ficam
inseridos, bem próximos da Massaranduba e Uruguai.
Muitas vias
de acesso com suas extensões interligam os bairros da península de Itapagipe.
Av.
Dendezeiros = rua Travasso de fora = Av. Visconde de caravelas. Av. Luís Tarquínio
= rua da Imperatriz = av. Dendezeiros...Av. Caminho
de areia = av. Porto dos mastros. E a grande
av. Beira mar.
Na verdade todas as vias nos leva ao bairro
mais bonito da cidade.Em alguns,
localiza-se boa parte da área turística que são considerados lugares mais belos
e históricos de salvador. Bonfim =
tradição da lavagem do Bomfim (2ºdomingo do mês de janeiro). Procissão
dos navegantes no dia 1 de janeiro na praia da Boa viagem.
Forte de
Monte Serrat = construído com a finalidade de proteger o território dos
invasores holandeses durante os sec. XVI
e XVII. Bem próximo
a ponta do Humaitá com o seu farol, e
seu imenso cais é possível contemplar no final da tarde o lindo por do sol.
Falar de
Itapagipe / Ribeira é falar de um pedaço de terra coberta com água por
todos os lados, exceto por um que serve de porta de entrada a um dos pontos
mágicos da cidade.
Quem mora
por aqui tem um amor enraizado Sempre em
crescimento, fazendo com que a identidade do lugar faça parte da sua
maneira particular de ser.
Nasci
aqui... Morrerei aqui...
De beleza ímpar,
orgulho de seus moradores, demonstrado nos seus semblantes quando é lhes perguntado:
Onde você
mora? E com um
sorriso farto de todo soteropolitano /
Itapagipano / Ribeirense... É lhes
respondido: Ribeira.
Amo esse
pedaço de terra. Nasci
aqui... Morrerei aqui... Ele é um
pouquinho meu.
Eliene de
castro.