Para você refletir...

quarta-feira, 19 de agosto de 2020

Espera Vã


No deserto de minha alma  não existe silêncio.
Ela chora,
Ela fala,
Ela canta.
 
Não tem eco...
Sem respostas. 
Sem repetições.
 
Vez em quando...
Por aqui passa uma leve ventania que  serve de transporte para levar a angústia e os anseios esvaziando o coração.
 
É um momento de trégua entre o tempo e a espera vã.
 
Resisto firmemente às intempéries do tempo entre o vento que acalma e  a tempestade que aflige...
 
O sol abraça meu corpo carente.
A chama da paixão me transporta em busca das lembranças marcantes de nossas vidas.
A noite o murmúrio e o sussurro se faz presente um em forma de  apelo e o outro em prece.
 E assim quando tudo passar... e a realidade me alcançar, poderei dizer que minha alma descansa em paz e pronta está para recomeçar. 😍
                                                         LN.

terça-feira, 14 de julho de 2020

Beco do fuxico

                                       Beco do fuxico... Matando a saudade

 E tudo começou assim...

Assistindo a um programa esportivo gravado ao ar livre, de uma TV local, em uma praça da minha cidade, pude observar que nas entrevistas ali realizadas com alguns moradores das redondezas, uma me chamou  mais atenção quando se referiu a uma rua das cercanias como “beco do fuxico“

 Na verdade não é um "beco". É uma rua que divide o Largo do Papagaio e a Avenida Beira Mar. 

Além do pouco caso (risos discretos) quando respondeu que não sabia o porquê do tal “ apelido “, deixou a entender que tratava-se de uma recente moradora do local  ou bem próximo e não das antigas.

O tempo passou...A fama continua a mesma.

Pois bem... Senta que lá vem história.  Kkk

Nasci em uma das casas localizada nesta rua que  tem por nome Padre Gomes de Souza. Naturalmente que ao longo dos anos, mais ou menos uns sessenta, as mudanças para quem viveu por lá são vistas a olho nu.

É grandioso saber que a nossa mente retém imagens de um modo bem particular. Basta precisar delas e elas se apresentam nitidamente jovens, levando-nos a um mergulho profundo, vivenciando etapas diferenciadas de acordo com o amadurecimento de cada idade.

  A casa onde eu nasci, de baixa estrutura, imponente na sua simplicidade ainda  está de pé.   Nem por isso deixa de ser grande no meio das outras, com suas  altas estruturas, com suas fachadas mais modernas, com suas novas cores, imperiosas...  Continua guardando segredos de todos que por ali passaram e continuam passando...

 Geralmente saio a caminhar pelas ruas do meu bairro, amo de paixão esse lugar, e digo que de repente... Encontro-me parada na esquina da rua onde nasci e que fui abraçada e abrigada  até os dezoito anos, quando de lá saí e vim parar aqui onde também abracei como meu novo lugar. 

 Olhando as fotos, me vejo envolvida nas brincadeiras  de  criança,  no despertar da adolescência, dos amigos que cresceram juntos e todos agora separados.

Não sei de nenhum deles, mas continuam na lembrança e no coração. 

Recordo-me dos  moradores do tempo que lá vivi. Jogar conversa fora, observar as crianças brincando, jogar dominó, baralho, eram atividades das pessoas mais idosas, principalmente depois da sua jornada de trabalho. 

Hora de tomar uma “fresca “. Sabe como é... Calor... Ufá......

 Talvez por ter liberdade de sentar-se á porta, sem perigo de ser morto ou mesmo assaltado, tenha contribuído para dar origem ao tal apelido “ beco do fuxico “. E haja conversa até altas horas...

Prestar a atenção o ir e vir dos vizinhos, hum... Estava inserido no contexto. (brincadeirinha) kkkkk

Só garanto que não foi contagioso, muito pelo contrário. Olhos apurados... Línguas afiadas..... Onde não tem? 

Parte de mim ainda está por lá. Parte está aqui bem próximo. Não estou muito longe.  para ir a pé.

Sinto-me privilegiada por tudo isso fazer da minha história, esse lugar cheio de paixão e beleza, onde a  igreja do Bonfim, a ponte do crusk, (hoje não existe mais),o porto do Bomfim, enfeitaram e enfeitam cada pedaço desse chão, independente ser taxado de fuxiqueiro ou não. 

Será que continua o mesmo? Ah! Que importa?

Continuo apaixonada pelo lugar onde nasci. Hum... Quantas saudades.

   Eliene de castro  

29 de janeiro de 2014

 
14 de julho de 2020       
                                                                      


 


domingo, 12 de julho de 2020

O lugar onde nasci.

 

                                   O lugar onde nasci.

 Não sei explicar o porquê de repente me deu vontade de escrever sobre o bairro de Itapagipe / Ribeira. “Meu bairro” Maneira de falar.

 Até parece que sou sua dona por conta dos anos vividos por aqui. Desde 1951 que faço parte desse lugar

Dizem que é abençoado por deus, por possuir um charme todo especial, no tocante a beleza particular de forma toda sua como uma obra literária, e quando não existe beleza, não tem como existir obra de arte, que ao contrário por aqui é o que tem e sobra, sendo considerada principal atração graças a mãe natureza.

 Seus antigos moradores, inclusive eu, contam que a tranquilidade e um ar de cidade interiorana ainda predominam na localidade, mas, observa-se também que não é mais um dos poucos lugares que se pode estar á porta de casa ou mesmo no cais,  para contar  estórias e olhar o encantamento do luar.

 Atualmente cheia de problemas socioeconômicos continua firmemente na sua caminhada, distribuindo gratuitamente paisagens  proporcionadas pelo mar tranquilo que rodeia toda a sua extensão.

 Nesse intervalo de tempo naturalmente que houve mudanças consideráveis no seu espaço físico, com o aterramento de áreas nobres contribuindo para a degradação do meio ambiente.

Era assim...

Quando a maré baixava o volume de suas águas, o vento se encarregava de espalhar o cheiro forte de maresia anunciando que era dia de pescaria. Olha que aqui dava de tudo: Siri de casca mole, dura, branco, papafumo, Pequari, peixes de variadas espécies e tamanhos: Agulha, linguado, tainha, vermelho..  .Hoje... Quase nada.

 Lembro-me que o meu companheiro pegando a tarrafa dizia: vou buscar ali o almoço dos meninos. e com certeza trazia na sacola o bastante para comer, até parar dar e vender se assim quisesse. Hoje... Trará ou não.

Mas, ela segue em frente...

Mostrando-se forte e bela, esperando que os poderes públicos se conscientizem de sua real importância,   e lhe dê o seu respectivo valor como um dos pontos turísticos mais bonitos da cidade. Viva a natureza!!!

 No quesito segurança, já não é tão confiável assim. O medo do inesperado se faz presente tornando os seus moradores mais caseiros.

A sonoridade não é mais a mesma. Antes o silêncio era quebrado pelas serestas, nas madrugadas serenas e tranquilas.

Seresteiros empunhando os seus violões, e com seus acordes percorriam as ruas desertas encantando os corações apaixonados.

Hoje os sons estridentes (poluição sonora) Nos espaços destinados a eventos populares,o  crescimento da vida social noturna, os carros com os seus sons de grande potência, com seus respectivos condutores descumpridores das leis do silêncio, interferem na tranquilidade do bairro, fazendo com que a saudade nos faça lembrar outrora.

A península itapagipana é composta de nove bairros:  Roma, Bonfim, Boa viagem, Monte serrat, Uruguai, Jardim cruzeiro, Massaranduba, Ribeira.

 Observa-se que dentro de determinados bairros existem locais extensivos chamados também de bairros como: Bairro machado, Bairro da mangueira que ficam inseridos, bem próximos da Massaranduba e Uruguai.

 Muitas vias de acesso com suas extensões interligam os bairros da península de Itapagipe.

Av. Dendezeiros = rua Travasso de fora = Av. Visconde de caravelas.                  Av. Luís Tarquínio = rua da Imperatriz = av. Dendezeiros...Av. Caminho de areia = av. Porto dos mastros. E a grande av. Beira mar.

 Na verdade todas as vias nos leva ao bairro mais bonito da cidade.Em alguns, localiza-se boa parte da área turística que são considerados lugares mais belos e históricos de salvador. Bonfim = tradição da lavagem do Bomfim (2ºdomingo do mês de janeiro). Procissão dos navegantes no dia 1 de janeiro na praia da Boa viagem.

Forte de Monte Serrat = construído com a finalidade de proteger o território dos invasores holandeses durante os sec. XVI  e XVII. Bem próximo a ponta do Humaitá   com o seu farol, e seu imenso cais é possível contemplar no final da tarde o lindo por do sol.

 Falar de Itapagipe / Ribeira é falar de um pedaço de terra coberta com água por todos os lados, exceto por um que serve de porta de entrada a um dos pontos mágicos da cidade.

Quem mora por aqui tem um amor enraizado Sempre em crescimento, fazendo com que a identidade do lugar faça parte da sua maneira  particular de  ser.

 Nasci aqui... Morrerei aqui...

De beleza ímpar, orgulho de seus moradores, demonstrado nos seus semblantes quando  é lhes perguntado:

Onde você mora? E com um sorriso farto de todo soteropolitano / Itapagipano / Ribeirense... É lhes respondido: Ribeira.

Amo esse pedaço de terra.  Nasci aqui... Morrerei aqui...   Ele é um pouquinho meu.

         Eliene de castro.

domingo, 14 de junho de 2020

Âncora & asas


Atravesso um momento com grande fragilidade emocional, e mesmo tentando compreender com a razão, o meu coração fica revolto tal quais as ondas do mar em pleno outono resultado de uma frente fria.

             De novo sou âncora e não asas.

Carrego na alma a sensação de que a “minha liberdade” de viver ou para eu viver, seja contida para ser transformada em apenas mais um desafio imposto pela própria vida a ser vencido, no sentido de me fazer forte e voltar a confiar no brotar de novas asas.   
                  Lá vou eu mais uma vez...

Pense que no limiar dessa situação conflitante, quando a sensação de coisas novas e boas se prepara para serem divididas, é invadida pelo vazio de pensamentos.
O meu EU se apaga em uma ação defensiva para se autorrestruturar. Sabedoria da natureza.
Vejo-me no deserto das incertezas, sob um sol escaldante, areias ao vento e um tremendo medo de tudo que aí está e o que há de vir.

Fecho-me em conchas e só me resta esperar... Esperar...
                      O que? Ou por quem?

Sem me dar conta de qual direção, eis que surge diante de mim uma nova oportunidade que me convida a entrar no mundo mágico de uma realidade disponível e totalmente ao meu alcance.
Um pedido feito. Abra o coração. Assim foi Feito.

A leveza que invadiu a minha alma me transportou e ainda me transporta a cada manhã quando percorro a trilha do amor próprio, onde uma loba solitária convivi diariamente com paisagens de extrema beleza e de uma quietude impar, e com o poder de ser modificada a cada instante obedecendo as ordens de cada estação.

O dia de hoje está cinzento. O mar hoje está revolto. Solicita minha presença e eu me reverencio a tanta beleza.  O vento atrevido carinhosamente brinca com meus cabelos cacheados, molhados, ligeiramente prateados.
               Hum! Gosto dele assim. 
Pelo menos eles têm a liberdade de esta.....

O meu corpo em movimento sobre as areias quentes e úmidas me conduz sempre a frente em busca de reviver as minhas histórias.
Aqui nasci... Aqui cresci... 
Aqui eu vivo e certamente aqui morrerei.

Esse é o meu momento de refrigério, o qual eu sou convencida  a curtir e viver a cada manhã.

Acredite que existe uma cumplicidade entre a real visão com a real imaginação e quando juntas sentimos a presença de deus em cada detalhe quando a natureza me abraça.

Faz-me lembrar:
De pessoas que passaram pela minha vida
e já se  foram...
(O tempo às levou),
De pessoas que chegaram e ficaram...
(Presentes de deus),
De pessoas que eu queria que ficasse, mas seguiram...
(Quiseram assim),
De pessoas que queriam ficar, mas tiveram de ir...
(A vida foi injusta ?),
De pessoas que abrigo em meu coração....
(Guardo-as com meu amor)

A minha alma pensativa se curva diante das lágrimas de saudade enquanto caminho em busca de mim mesma.











Anos Restantes


Depois de examinar os prós e os contras da sua decisão, o tempo resolveu fazer a  transferência  da sua responsabilidade, mudando  radicalmente a minha maneira de viver.

Sábia decisão?  Talvez.  Pelo menos agora ele não vai mais se sentir culpado de tudo que acontecer ou mesmo deixar de acontecer.

 Ele, aproximou-se de mim trazendo nas mãos grãos minúsculos de vida, anos chamados de  vida, que insistiam em fugir por entre seus dedos, que fortemente comprimiam-se tentando impedir sua passagem.

Pediu-me  para colocar em conchas minhas mãos fazendo a transferência cuidadosamente, e olhando-me com os olhos da alma, falou: esses são os últimos que lhe resta. 
Procure cuidar bem deles com muita sabedoria e verdade.
Aquela em que você acredita.

A bem da verdade, alguns anos já se foram marcando a caminhada e entre flores e espinhos pude ver o quanto tudo foi de extrema importância, ainda assim, mesmo sem querer, olhei para trás. Passado sempre são marcantes. 

Eis-me aqui tentando fazer de cada grão um multiplicador de sonhos. De preferência vividos incondicionalmente bem acompanhados.

Um novo cúmplice disposto a proteger a idade chega, se achega e vai passando contando os grãos de uma maneira poderosamente bela, mostrando as marcas da face... acentuando  os traços que se faz presente em cada etapa  da vida onde o tempo não tem pausa.

A vida segue e ele continua falando:
O tempo feliz é curto mesmo que o tempo seja longo.
Fazer da natureza uma aliada é acreditar que a vida é você quem faz.