Estranhos anseios

Nascida da minha própria inquietação, deixei  que a ansiedade interferisse nas  minhas vontades e conduzisse meus pés me levando a um atalho por onde nunca deveria ter passado.

Ele encurta a distância entre dois pontos, mas aumenta dois pontos entre meu destino e o meu coração.

Como decifrar essa estranheza dos meus anseios... 

que tomam forma  e cores nas grandes marcas das antigas asas.....

A mala

 

A mala já estava quase pronta.

Dentro... Sonhos... muitos sonhos. 

Livros... por ler e para serem escritos.

Viagens... lugares... paisagens para serem  

vividos e guardados na lembrança. 

Faltava pouca coisa.

Talvez uma pitada de ousadia.

Talvez um pouco de mais de coragem.

A grandiosa esperança brincava com os meus sentimentos agitando 

as asas da minha imaginação.

A ansiedade da realização transformava os meus dias num 

grande espetáculo.

A expectativa na arquibancada da minha vida aplaudia dando ênfase e gritava:

Vai lá... Coragem... Liberte-se.

Mas...

Sei lá de onde surgiu...

Uma tempestade que cruzou os céus de  minha alma cortando 

minhas asas lançando-as ao  vento...

De repente, vejo-me de volta ao chão, mala na mão, olhar 

perdido na estrada.

imagem= net

Seu último voo

Vai passar. E quem disse que não vai? 

Claro que vai! 

 Por enquanto estou aqui no meio do medo, a deriva, sem rumo certo, cheia de dúvidas, emoções conflituosas entre o gritar ou ficar em silêncio esperando pelo desconhecido amanhã.

 Sempre haverá um. Tem sempre um. 

 Só não se sabe como vai chegar. 

 Entre os momentos de racionalidade plena , os porquês e os paraquês me intimidam, interrogam, questionam me faz voltar no tempo como se possível buscar respostas e motivos que ficaram lá na história de cada um, em um passado que não quero lembrar, afinal o que passou pode consequentemente ter interferido no que agora acontece, mas que não posso viver e nem mudar.

                                       E em tudo....
Eu sou uma parte, sou um resultado, sou uma “escolhida” com obrigatoriedade imposta pela vida de uma maneira que a responsabilidade maior me cabe como a colocar um ponto final em mais uma história de vida, sem expectativa de prorrogação já que é a última fase a ser preparada para alçar o seu último voo.
                                                   O solitário voo.

 Meu peito queima....meu coração arde....

minha alma chora.... mas, vai passar. 

Vou ganhar a oportunidade de ancorar o meu medo na terra firme da minha liberdade, carregando nas mãos a minha carta de alforria assinada por deus.

Saudades de mim

Em algum momento, me perdi no meio de  tanta coisa acontecendo ao meu redor que eu esqueci de mim.

Sim, em algum momento sem entender o porquê, eu sinto saudades de mim.

Pensar de como poderia construir uma vida cheia de autonomia, com direito a escolhas e de como faria para ser feliz, me faz pensar e pensar...que terminei perdendo a direção. 

E tudo tomou um rumo inesperado onde direitos e deveres oscilaram entre o certo e o errado...entre o sim e o não, fazendo com que a balança do tempo registrasse sempre o peso da dúvida e das consequências. Difícil, não?

Não consigo me achar no emaranhado de linhas, curvas e retas do meu cérebro, onde fui buscar nesse labirinto o meu eu, no momento, me sinto  vagando no espaço desordenado das minhas emoções.

                           

Sensação estranha!!!! É como se tivesse guardado a chave do meu ego, sem saber onde teria colocado.

Pensamentos incompletos povoam o meu mundo agora cheio de interrogações, muitas sem respostas, outras em trânsito pelos mais diversos sentimentos também entre o medo e a revolta.

Quando  as ideias afloram  desencadeia uma vontade  frénetica de  abrir e fechar as caixas... Baús, armazenados no infinito da minha inspiração, grande era a  vontade de interagir comigo mesma.

                       Saudades de mim...

Lançar-me ao vento em busca de espaço libertatório, torna-se difícil a escolha: esquecer-me ou procurar-me em tudo que envolve meu estado emocional.

                      Saudades de mim...

Agora vou entrar em mais um período gestatório dos meus sentimentos.

Voltarei sim... Sempre volto... Emotivada, produtiva,  braços dados com a amiga inspiração, esperando ver com olhos de águia, todo o esplendor que a criação me oferece, fazendo valer os aplausos quando o cerrar das cortinas do palco onde emoção * sensação não tem idade.

                      Saudades de mim...

Viver driblando as intempéries emocionais, entre um estágio e outro, respingando em diversos setores da vida, ver e sentir a

Transformação da maneiras de agir, avaliando conceitos, também influenciados pelos valores adquiridos, faz parte  desse novo período independente do relógio que marca o tempo incansávelmente.

                      grande é o tempo....

                      é o senhor de todas as coisas.

                      Saudades de mim...

Convivo corajosamente com a minha unha encravada, minha intolêrancia, minha impaciência, ouvindo choro de criança;

Com a minha idade no auge  dos "entas", com a cabeleira prateada e dentes falsos, e com os coadjuvantes e os adjuvantes farmaceuticos da minha história: as substâncias químicas com suas "enes" facetas, que curam e matam.

                     Saudades de mim...

Quando tudo isso era só de ouvi falar.

                   minha grande descoberta ...estou  semi nova.

 ah! Quantas saudades....